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A quarentena e os Idosos no Brasil

Assunto extremamente em alta dentro de um contexto de coronavírus e seu principal público de risco, os idosos. Gostaria de, com esse texto, propor uma reflexão do ponto de vista geriátrico, que saísse um pouco do que já se está acostumado a ouvir no dia-a-dia de nossas mídias sociais e meios de comunicação.

Quando se tem um problema de “bombeamento” de sangue pelo coração se fala em insuficiência cardíaca. Quando há um problema com a filtração renal fala-se em insuficiência renal. Gostaria de traçar uma analogia para o fato de que boa parcela dos idosos de nossa população sofre naturalmente com distanciamento físico e isolamento por parte de seus parentes e amigos. Nós geriatras damos a isso o nome de insuficiência familiar! E sim, em situações extremas de isolamento, o impacto que isso pode ter na vida de um idoso pode ser da mesma proporção da insuficiência de um órgão…

Uma importante causa de perda de peso em idosos é a de uma simples limitação, física ou mental, para se chegar ao alimento. Pode parecer improvável, mas alguém que tem, por exemplo, uma dor na perna ou uma dificuldade para deambular (por qualquer que seja a causa) irá naturalmente se deslocar menos até a cozinha para se alimentar ou se hidratar. Sim, isso já ocorre e com muita freqüência já fora de um contexto de quarentena.

Algo que está bastante aflorado é a parte emocional nesse período. Sim, não preciso nem discorrer sobre algo que quase 100% da população está experienciando na própria pele. Mas preciso ressaltar que isso potencializa ainda mais o isolamento dessa parcela da população que já está naturalmente mais isolada.

Concordando ou não com a nossa política, não é o foco deste texto questioná-la, mas sim minimizar o impacto nessa população que já é sob risco. Primeiramente trazendo os fatos acima a nosso conhecimento e, num segundo momento, tentando criar ou reforçar algo que pode se tornar um hábito bastante saudável até fora dos momentos de crise: vamos ligar para os nossos pais e avós uma ou mais vezes por dia? Estão se alimentando e se hidratando? Estão tomando os remédios adequadamente? Como estão se sentindo? Precisam de algo? E se entrássemos em contato com eles agora mesmo? A sugestão está feita! Cordial abraço a todos os leitores!

Dr. Paulo Camiz

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