Em primeiro lugar é importante responder à pergunta: se esse paciente é bravo ou se ele está bravo?

Muitos curiosos me perguntam se há alguma estratégia médica para lidar com um paciente (ou familiar) “bravo”. Ainda que não exista uma fórmula mágica, acho que valem algumas considerações sobre o tema.

Freqüentemente eu faço essa pergunta literalmente: “o senhor está bravo por algum motivo?” Esse é o principal divisor de águas da relação, seja ela com o paciente ou com o seu familiar. Você está separando a situação em que a personalidade da pessoa é o problema de uma situação em que a pessoa está com um ou mais problemas causando aquele comportamento agressivo…

Falando da primeira situação, estamos diante de uma pessoa difícil por natureza. De uma forma geral esses pacientes já se comportam dessa forma “desde sempre”, por assim dizer… Colocar-se do lado do paciente sempre e ver o quanto ele pode e quer ser ajudado é uma excelente abordagem. É fundamental entender que a personalidade de alguém não pode ser facilmente alterada, mas pode ser trabalhada no sentido de aperfeiçoar sua inserção social e tornar sua vida melhor.

Na segunda situação, quando o paciente está bravo, deve-se avaliar isso como sendo um sintoma e se investigar a etiologia. As doenças mais comuns em nosso meio (e nos tempos atuais) são as psiquiátricas, como a depressão e a bipolaridade. Mas doenças físicas também podem se manifestar através de sintomas comportamentais. Ainda que elas sejam inúmeras, faço questão de ressaltar as mais comuns que são os distúrbios hormonais (destaque para a tiróide) e os distúrbios dos eletrólitos (sódio, cálcio e magnésio, principalmente). O principal conselho para se pensar numa doença é uma mudança comportamental, num curto intervalo de tempo.

Em ambas as situações, o maior problema ocorre quando o paciente perde a autocrítica. Ele não percebe que está com um problema e o problema acaba sendo atribuído aos outros. E mais, uma pessoa assim não procura ajuda. Sabemos que não podemos dizer que todos os sintomas são uma doença e precisamos ter critério para não sair “medicalizando” todas as emoções. Mas o profissional treinado deve saber distinguir uma situação que merece atenção médica.

Para a população em comum, a recomendação é não esperar que a condição atinja um extremo e procurar ajuda antes disso. Todo grande problema começou como um pequeno… Procure e ofereça ajuda! Reconheça a necessidade em você e no outro!

 

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